Pediatria é a segunda especialidade no Brasil em número de profissionais em exercício, ficando atrás apenas de clínica médica. Representa 10% do total dos títulos de especialização ativos no território nacional, em um universo de 55 especialidades formalmente reconhecidas pelo Conselho Federal de Medicina. Há aproximadamente 19 pediatras no país para cada grupo de 100 mil habitantes, proporção considerada satisfatória pela Organização Mundial de Saúde. Entretanto, 55% dos profissionais atuam na região Sudeste, condição que denota má distribuição do efetivo e consequente carência em muitas localidades, mesmo situadas em centros urbanos. Embora a quantidade de pediatras brasileiros esteja de acordo com recomendações internacionais, o percentual elevado de atendimentos hospitalares realizados por titulares de outras especializações sugere necessidade premente de ampliação e redistribuição do contingente de especialistas em saúde infantil.
Os primeiros passos
Os primeiros passos da pediatria no Brasil remontam à década de 1870, quando o médico natural do Rio de Janeiro Carlos Moncorvo de Figueiredo publicou o resultado de um estudo sobre métodos bem-sucedidos na recuperação de crianças afetadas pela diarreia. Sensibilizado pelo quadro assustador da mortalidade infantil brasileira na segunda metade do século XIX, Moncorvo estruturou um consultório para atendimento exclusivo a crianças e incentivou o estudo pelas faculdades de medicina das práticas especificamente voltadas ao público infantil. Difundindo a ideia de que crianças não são “adultos em miniatura” e que demandam atenções especiais no que concerne aos cuidados com saúde e desenvolvimento, Moncorvo construiu as bases da pediatria no Brasil.
Pediatra e família
A pediatria é provavelmente a especialidade em que o estabelecimento de uma relação de confiança entre paciente e profissional mais impacte o sucesso no tratamento. O pediatra trata pessoas que não verbalizam seus sintomas ou fazem-no de maneira nem sempre precisa, normalmente com a mediação de um adulto. A relação médico-paciente abriga peculiaridades também em virtude da participação de pais ou responsáveis legais. Eles figuram como parte diretamente interessada, influenciam no estabelecimento do vínculo entre o pediatra e a criança ou jovem e contribuem ativamente nos resultados do tratamento. Diferentemente das demais especialidades, há invariavelmente uma relação integrada por três atores igualmente importantes: paciente, médico e família (família ou tutor). A prática impõe um esforço especial no intuito de estabelecer um canal eficaz de comunicação que possibilite diagnóstico, orientação para tratamento e educação voltada à prevenção.
Ainda temos muito para crescer
As especificidades inerentes à pediatria impõem a existência de um significativo contingente de profissionais. Embora a proporção no Brasil entre pediatras e população seja considerada adequada pela OMS, a demanda por especialistas ainda é crescente e certamente assim continuará. A atuação multifacetada da pediatria (educação, prevenção, diagnóstico, medicina de urgência, tratamento e acompanhamento) representa chamamento constante dos profissionais à missão, especialmente em um país onde o direito ao atendimento médico qualificado é assegurado à criança pela Constituição Federal. A assistência segmentada põe em risco a eficácia das ações, haja vista comprometer a peculiar relação médico-paciente-família, típica desta especialidade. As visitas voltadas ao trabalho preventivo são significativamente mais numerosas que em outras especialidades. Por tais razões, é imprescindível dispor de quantidade expressiva de médicos e demais profissionais especializados no atendimento às crianças e jovens.
A pediatria representa contribuição direta na formação de uma sociedade saudável, produtiva e equilibrada, viabilizada pelo acompanhamento eficaz das crianças e adolescentes. Por isso, a RMS sempre busca a valorização e o destaque deste profissional tão importante. Quer saber mais sobre este ou outros assuntos? Você também pode sugerir um tema. Fale diretamente com a gente.
